História

FLÔR TAPUYA ESTREOU EM 16 DE JUNHO DE 1920

Nos anos 1920, em pleno pós 1ª guerra, as companhias estrangeiras já não vinham com tanta facilidade ao Brasil. A situação foi oportuna para fomentar o desenvolvimento das companhias teatrais no Brasil.

A família de Paschoal Segreto trouxe o cinema para o país, alem de manter tres companhias de teatro simultâneas. Eles eram então conhecidos como os donos da noite, responsáveis pela produção de entretenimento daquela época, concentrada na Praça Tiradentes. E Pixinguinha, já formado musicalmente aos 23 anos, estava sempre presente em todos os movimentos daquele reduto. Bebendo de todas aquelas fontes, foi considerado o inventor do arranjo brasileiro.

Pouco depois, o país vivia o furor da Semana de 22, momento de resgate da cidadania, da auto-estima, do orgulho da mestiçagem e da nova e efervescente vida urbana, como também, da fixação de tipos populares até hoje vivos no imaginário dos brasileiros.

E neste cenário, em 16 de junho de 1920, estreava no Teatro São Pedro (atual Teatro João Caetano), no Rio, a opereta sertaneja Flôr Tapuya, de Alberto Deodato e Danton Vampré, com grande elenco, do qual se destacavam Abigail Maia como estrela principal, ao lado dos jovens atores Procópio Ferreira e Jaime Costa, além dos Oito Batutas.

Flôr Tapuya estreou com grande sucesso e a temporada ia bem, até que teve a sua carreira interrompida sem maiores explicações. Seus participantes, sem trabalhar, passaram por dificuldades financeiras, vivendo dos vales da empresa de Paschoal Segreto, que produziu o espetáculo. Soube-se, depois, que a razão da súbita paralisação foi o desaparecimento do maestro português responsável pela partitura. Deu-se, então, nesta ocasião, a estréia de Pixinguinha como autor de música para teatro.  É o depoimento do músico, grande amigo e parceiro no Grupo Oito Batutas Donga ao MIS (Museu da Imagem e do Som) que conta a história:
Eu vim a saber disso (do desaparecimento do maestro) em um dia em que fui à cidade com o irmão de Pixinguinha, o meu compadre China. (...) Chovia muito nesse dia e encontramos os rapazinhos Alberto Deodato e Danton Vampré, apanhando chuva, sem chapéu. numa miséria danada. Fomos então tomar um café naquele bar que ficava na Praça Tiradentes, esquina com Sete de Setembro. Ao voltarmos, o Danton disse desconsolado para o Deodato: Veja você, nós passarmos esta apertura por causa do diabo desse português que sumiu com a partitura. Eu então, com muita bossa, mas confiando no talento do moço Pixinguinha, disse ao Danton, procurando servir: Danton, quer saber de uma coisa? Me dá o libreto da peça que eu levo para o Pixinguinha. (...) Eu falei com China que ia levar para o irmão dele, a fim de que desse um jeito. pois ele trabalhava na opereta e conhecia. O Pixinguinha na época não tinha a prática que tem hoje, mas possuía o talento que nós conhecemos. (...) Batemos para a casa do Pixinguinha, em Olaria. Eu disse então para o Alberto Deodato que podia ficar tranqüilo. E não é que seu Pixinguinha resolveu mesmo tudo, escrevendo nova partitura? E opereta é pior que ópera, pois tem vários andamentos. Foi uma coisa tremenda!